quarta-feira, novembro 21

Domingos e eu

Voltando de uma palestra que o Domingos Oliveira defendia a arte auto-biográfica, pensei comigo ... Não tô viajando, ele olhou nos meus olhos, como se soubesse da minha pretensão a escritora, e perguntou se havia algum escritor presente. Na hora, me deu vontade de arriscar, e contar para ele que escrevo, e mesmo que eu não seja uma escritora de sucesso, sou uma. Afinal, como ele diz, escritores se acham escritores mesmo antes de escrever alguma coisa. Mas estar ali, diante de um dos meus tantos ídolos, me deu uma travação inexplicável... Não rolou. Durante toda a palestra, ele conversou particularmente comigo... É engraçado, eu não tenho segurança prá falar certas coisas, mas tenho uma segurança enorme para escrever absurdos, como isto! Na minha "viagem", cheguei a conclusão que minha identificação com a obra e a pessoa dele era tão forte, que ele é capaz de sentir. Já vi outras coisas com o Domingos, peças, leituras dramatizadas... E não é a primeira vez que acontece essa espécie de telepatia que me deixa arrepiada. As vezes, até me esqueço que não sou amiga dele...Somos tão parecidos, tão fofos, tão amados, e não conseguimos escapar da auto-biografia em nada! No final, ele disse novamente olhando nos meus olhos: "Não tenham medo de ser auto-biográficos." Me senti aliviada, porque até então, eu tava em crise, por todos os meus personagens serem tão eu...Aliviada e feliz, muito feliz.





Depois fiquei pensando se eu não fosse eu. A minha biografia é fantástica prá mim... Mas será que prá quem não sou eu também seria?



O que eu acharia de mim se eu não fosse eu?



Uma fofa! Fofa como Domingos!