domingo, julho 15

Eu me viro!

Filha caçula de três irmãos. Vim ao mundo dez anos depois dos meus irmãos, e quando nasci, meu pai já tinha 50 anos. Vim fraquinha, lembro-me de uma infância em que eu vivia com pneumonia, bronquite, bolha no ouvido, queda de glicose, febres, e tomar um sorvete ou um refrigerante gelado era um raríssimo momento de festa prá mim, já que vivia doente. Nem mesmo pisar no chão gelado eu podia. Mas confesso, adorava ficar doente. Ao contrário de hoje, era uma criança magrinha e pálida, nunca comia nada, e meus pais deram o braço a torcer, me dando só o que eu gostava de comer (menos sorvete e refrigerante gelado). Melhor que não comer nada. Sempre tive tudo na mão. A caçulinha, a doentinha e outros "inhas". Depois que cresci, comecei a beber, fumar e ter uma vida desregrada, foi aí que comecei a criar anticorpos. Hoje, sou a pessoa mais rica de saúde que eu conheço. Vou viver uma vida saudável, a partir de segunda, juro, mas não vem ao caso. Enfim, por sempre ter tudo na mão, me caguei de medo quando fui morar sozinha pela primeira vez. Ao entrar naquele apartamento antigo, com jeito de assombrado, pensei: "Fantasmas não farão nada por mim." Eu que tinha que pagar a luz, o aluguel, o telefone, ir a bancos, enfrentar filas, fazer compras, ir ao médico sozinha... Pouco antes disso, se alguém pudesse ir ao banheiro fazer xixi por mim, eu agradeceria! Resultado: Surtei. Não dei conta de tanta coisa, já fiquei no escuro por cortarem minha luz, já passei mal á noite, já faltou papel higiênico e o que mais queria era poder gritar: "Mãe, socorro! " Mas hoje, me sinto mais malandra nesse aspecto. Eu devo ser muito gente boa, pois sempre tem alguém para me ajudar. Em pleno domingo, com todos os pet shops fechados, o Foguete inventou de roer a própria coleira. E se ele não sai, chora a noite inteira e ninguém dorme(Alguém quer um cocker, cor chocolate? Mas não me devolvam! ). Daí, contando o episódio para a vizinha, ela me emprestou a coleira da cadelinha dela. E tem sido assim por muito tempo. Qualquer perrengue que eu passo, sempre tem uma alma boa para me dar uma força. De um jeito ou outro, eu sempre me viro. Com ajuda das pessoas, lógico. Será que eu vim ao mundo com a missão de ser mimada? Acho que sou uma fofa. E as pessoas que me cercam também, graças a Deus.