quarta-feira, junho 21

Quer acabar com minha paz? É fácil!

Como se não bastasse quem tenta me irritar propositalmente ( isso existe, apesar de toda minha graça) existem aqueles desconhecidos irritantes. Ódio platônico, já ouviu falar? Hoje resolvi almoçar fora, sozinha, prá pensar na vida, comer uma linda feijoada com calma. Na mesa ao lado, sentou uma mulher aparentemente com seus 45 anos e uma amiga. No momento que ela sentou, começou a reclamar da chefe, das empregadas, do marido, dos filhos. Gesticulava, falava alto e a amiga quieta. Comecei comer depressa, no rítmo da conversa da mulher. Parei, coloquei meus talheres na mesa e pensei: "Por que estou comendo rápido? Não tenho nada a ver com os problemas dessa cidadã.". Mas ela não parava. Comecei tentar deletar sua insuportável voz da minha cabeça, mas foi em vão. Comi, sem saborear. A amiga dela também terminou de almoçar, enquanto o prato dela continuava cheio. Quando dei por mim, estava eu, torcendo para o prato dela esfriar, com aquele ar condicionado e ela se tocar que havia engolido uma vitrola no lugar do almoço. Pedi um café e uma torta, e ela ainda reclamava. Dessa vez era da mãe, que tinha o poder de estressá-la. Deve ser genético. A amiga pediu um café e ela reclamava do trânsito. Me lembrava daquela propaganda do comprimido para dor, em que caía um comprimido gigante na cabeça dos pagodeiros, querendo que caísse um igual na cabeça dela. Na falta de um comprimido gigante, poderia cair uma bigorna, um piano ou um jequitibá. Mas que caísse certo, prá não dar a ela a oportunidade de reclamar disso também. A amiga era amiga mesmo. A expressão da coitada era de "alguém me salve dessa chataaaaaaaaa!!!" Quando ela se tocou que o almoço dela estava quase intacto e a amiga tinha terminado, começou a comer depressa e eu da minha mesa torcendo prá ela ter uma indigestão por ter comido tão rápido. Daí, comia e reclamava que o ar condicionado esfriou a comida dela. A amiga inventou uma desculpa, foi embora e ela ficou sozinha. Deu uma pena... Ela fez uma cara tão triste por não ter com quem falar... Quase a convidei prá sentar comigo. Enquanto saboreava minha torta, meu ódio platônico se tranformava em pena. Ô raio de mulher, que me encheu de sentimentos sem nem me conhecer! Foi ódio, depois pena, depois ódio de novo. Pedi a conta, saí e só não fiz um sinal feio prá ela com o dedo porque sou muito educada.

Citação do dia:
"Morrer de vez em quando, é a única coisa que me acalma"
Paulo Leminsk